Entrevista: Desbrava(dores) de livros

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 Desbravadores: Olá, Camila. Obrigado por aceitar conceder essa entrevista ao blog. Primeiramente, gostaríamos de saber como você entrou no mundo das palavras. Em que momento você decidiu que gostaria de escrever um livro?
Camila: Eu que agradeço a atenção e interesse do blog. Durante o período de faculdade, tive o interesse em escrever um livro, porém não tinha em mente uma ideia a desenvolver. Posteriormente fui inspirada a escrever uma história, sendo esta o catalizador para um talento que se encontrava latente, que era a paixão pelo idioma portugues. A partir dessa ideia, senti que esse era um caminho sem volta: escrever histórias era a minha real paixão.

Desbravadores: Qual foi a sua maior dificuldade ao publicar o seu primeiro livro?

Camila: A maior dificuldade é ter seu original aceito pelas editoras. Esse tempo de espera, sendo 6 meses uma média estimada, aguardando a resposta se o seu livro/original é aceito (ou não) a ser publicado, penso ser exagerado. Sou muito sincera, e prezo por essa simplicidade em se dizer a verdade, então resumo essa dificuldade em dois momentos: o início, não sendo uma autora ‘famosa’, não há interesse das editoras em publicar, sendo que algumas sequer dão algum tipo de feedback; se você/autor não recebe uma resposta, é porque não foi selecionado. As editoras brasileiras dão muito valor às traduções de best-sellers internacionais, o que penso ser um desperdício de talento nacional. Outro caminho é você/autor custear parte da sua tiragem, após avaliação do seu original, sendo possível ser lançado no mercado literário. É uma opção viável para o talento ser apresentado ao público em geral, o que admiro a iniciativa de algumas editoras em abrir tais portas.

Desbravadores: Quais dicas você dá para os escritores que estão começando agora, Camila?
Camila: Acredite em seu potencial; escreva sobre tudo que sentir vontade, não se prenda a um único gênero literário. Permita ser você mesmo, desenvolver suas histórias, não acredite nessa lenda urbana que ser escritor brasileiro não dá dinheiro. É tudo uma grande bobagem. Todo talento, quando reconhecido, gera lucro. Busque seu espaço no mundo, tenha um blog, arrisque expor suas ideias. Escreva, colocando sua paixão nas palavras; Deus, com certeza, há de recompensar sua iniciativa.

Desbravadores: Todo escritor, normalmente, é também um grande leitor. Conte-nos: quem são seus autores favoritos? Quais são os autores que mais te inspiraram na hora de escrever?

Camila: Amo Hermann Hesse, Clarice Lispector, Anne Rice, Nietzsche, Jack Kerouac, Taylor Caldwell, Dylan Thomas, Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa e suas personas, Paulo Coelho, Arnaldo Jabor, dentre outros tantos escritores. Amo, principalmente, os cineastas. O cinema e suas imagens visuais são minhas grandes fontes de inspiração. Quando estou a escrever um livro, não tenho o costume de ler outros autores, pois tenho receio da influência silenciosa, no nível do subconsciente. Nesse período, gosto mesmo é de ver filmes e séries de TV, onde a trama se desenvolve em um pequeno espaço-tempo fixo; busco criar um livro onde todas as frases são o clímax. Sei que é difícil acertar nesse alvo, mas busco isso incansavelmente. Outra fonte de inspiração são artes em geral, produzidas por escultores, pintores e fotógrafos. O Museu do Louvre, em Paris, está recheado de inspiração.

Desbravadores: Qual livro você gostaria de ter escrito? Já aconteceu de você ler algo e pensar “Por que eu não imaginei isso antes?”.
Camila: Sinceramente? Foram pouquíssimas vezes, mas confesso que gostaria de ter escrito “O lobo da estepe”, de Herman Hesse, e principalmente, um texto da Isabel Mueller (astróloga e escritora), chamado “Despertar”. Ambos são minhas fontes de inspiração.

Desbravadores: No Brasil, claramente, o romance é bem mais valorizado do que as crônicas, contos e poesias. Você já percebeu algum tipo de rejeição ao seu livro por ser uma antologia de crônicas?
Camila: Há quem não tenha interesse algum pelo livro, há quem queira ler por simplesmente quebrar o tabu do lugar comum, pelo fato de ter abordado um assunto diferente em cada crônica. Opiniões são sempre muito pessoais, e ter escrito este livro ratifica a posição de que livros fora do segmento de romances é estar fora da caixa da expectativa gerada pelo leitor. Mesmo não sendo proposital, ao abordar tantos assuntos diferentes, sinto (felizmente) que, ao ter escrito o “Crônicas e Absinto”, busquei dar uma chance ao leitor de enxergar o mundo de um modo ‘pop’, mantendo ( no ar) o questionamento: se interessar pela opinião é também se interessar por uma história, é se permitir, em poucas páginas, adentrar e viver a visão do mundo pelos olhos do autor, através de suas ideias contadas. Gosto mesmo é do debate, é sair de cima do muro. Secretamente posicionar o leitor diante de si mesmo, esse é meu real interesse.

Desbravadores: Em muitas crônicas suas, vemos um ar de revolta com o sistema brasileiro, com a politica e, até mesmo, com a atitude do povo brasileiro em geral. Você acha que o Brasil está em um momento tão crítico assim? Na sua visão, o que precisa ser melhorado?
Camila: Acredito sinceramente que o Brasil possui um imenso potencial, porém há de se tomar atitudes diariamente para que a ‘ordem’ e o ‘progresso’ seja além de um mantra esquecido, impresso em uma bandeira. Se você pesquisar, até onde sei, somente o Brasil possui uma bandeira onde há frases escritas, em vez de somente símbolos e/ou cores. A insistência em se fazer lembrar que o Brasil é um país rico em recursos naturais e potencial humano é necessário, considerando que a dormência e negligência em se ter opiniões enquanto cidadãos é diária. Já viajei para alguns países, e é nítido o engajamento e interesse em suas culturas. Sinto que o brasileiro é preguiçoso, no sentido de falta de interesse em si mesmo. Faltam horas para pensar em si mesmo, visto que as pessoas cumprem 8 (ou mais) horas de trabalho, não restando tempo para reflexão individual. Para alguns, suas vidas são simplesmente o cumprimento de suas rotinas. Falta também a auto-estima em se achar interessante o suficiente, fator que o americano tem de sobra em seu DNA, cultura que admiro em vários aspectos. Se tudo estivesse às mil maravilhas no Brasil, não haveria tanta insatisfação e letargia no ar. A revolta, basicamente, é frente à passividade do brasileiro em deixar tudo acontecer e nada fazer. Se minha visão de mundo parece revoltosa, aproveito o espaço e me explicito: minha visão de mundo é apaixonada e vívida, onde se contentar com pouco não faz parte do meu estilo de vida.

Desbravadores: Qual a sua crônica favorita no livro? Por quê?
Camila: Tenho duas  favoritas: a ‘Sobre as estrelas’, e a ‘Um sonho’. São duas crônicas que estimulam o indivíduo, seu senso crítico, sua visão de mundo, sua imaginação; sinto uma positividade latente, de que tudo é possível, de acordo com o que você acredita, independente do mundo exterior.

Desbravadores: Camila, muito obrigado, novamente, por conceder essa entrevista. Agora o espaço é todo seu: deixe uma mensagem para seus leitores e futuros leitores, apresente um novo projeto, enfim... O palco é todo seu.

Camila: Se interesse por tudo ao seu redor, mantenha-se curioso diante da vida; não aceite a falta de interesse que paira no ar, não aceite o lugar-comum: posicione-se diante da vida, tendo suas opiniões, buscando saciar suas vontades, seus desejos e assim conquistar suas vitórias.
Referente a projetos, este ano será publicado pela Editora Empíreo o livro “Nas Alturas (the red book)”, que narra, em detalhes explícitos e sem julgamentos, a vida de uma comissária de bordo, em forma de aventura romanceada. Inicialmente publiquei este livro de modo independente, via ebook no site da Amazon: posteriormente assinei um contrato com a Empíreo, a ter seu lançamento estimado para Novembro deste ano, em versões ebook e impresso. Meu editor, Filipe Laredo, me dá um apoio incondicional, o que me faz muito feliz ser representada por uma editora que tem, como slogan, fazer livros apaixonantes, sendo exatamente o caso da Marina, protagonista do livro: ela tem uma vida apaixonante, recheada de amores internacionais, dilemas e histórias narradas através de viagens ao redor do mundo, tudo vivido no ‘volume máximo’, como gosto de dizer :).
Atualmente estou escrevendo dois novos livros: “The Wannabes”, que será um delicado livro sobre pessoas, e o “No Fundo do Mar”, que será um suspense investigativo, de temática futurista. No mais, desejo sucesso a todos. O palco é nosso.